O Pedro e a Sofia, seguem nesta jornada a bordo do Suzuki Santana de 1987 e estão a ser os protagonistas de uma aventura para a vida.
Com mais ou menos 13 000km percorridos desde Lisboa, seguem para a última semana prevista até chegar à Mongólia.
Depois do drama que foi para fazer a travessia de ferry para chegar ao Turquemenistão, surgiram mais daqueles momentos que testam a resistência da equipa e a sorte!
Na passagem de fronteira do Uzbequistão para o Tajiquistão, o Suzuki passou sem problema, a Sofia também, mas o visto do Pedro tinha um erro de numeração e não foi possível a sua entrada no país.
Com isto iriam perder cerca de 4 dias, para voltar ao Uzbequistão e tratar da respetiva documentação. Mas com outros colegas do rally e em conjunto com uma embaixada, conseguiram o visto em apenas 24h.
Tudo ok, seguiram do Uzebequistão (18º país que percorreram) para o Tajiquistão em direção às Montanhas de Pamir, por uma estrada de terra e muita pedra!
Já a faltar cerca de 80 quilómetros para as montanhas, às 12h de sexta-feira partiu a mola de lâmina mestra da suspensão trazeira esquerda!
Abordando a população local, conseguiram um mecânico que os levou até sua casa e oficina para reparar a mola.
Até tinha corrido bem, mas soldar uma mola de lâmina, nunca é boa solução!
E fazer uma sanduiche de metal e solda, também não resulta. Valeu a intenção e simpatia do mecânico e da família que durante este periodo em que estiveram na sua casa, onde até tiveram que esperar que a electricidade voltasse, lhes foi oferecido almoço e jantar.
Já convencidos que iam arrancar depois do jantar para conduzir toda a noite e recuperar o dia perdido, a reparação da mola não resultou e após 5 minutos de condução voltou a partir.
Foi o momento de desespero total a ver ali terminada a aventura por causa de uma mola partida! Naquela parte do mundo não existem Suzukis sequer, quanto mais peças de substituição!
Com o jipe "coxo", voltaram para trás, para casa do mecânico onde dormiram na sala e no dia seguinte, pelas 5h da manhã partiriam a todo o custo para a cidade mais próxima.
Com o eixo cada vez mais torto e com o pneu a roçar em todo o lado, demoraram 40 minutos a percorrer 10km onde se cruzaram com outros participantes do rally que lhes deram a indicação que tinham dormido a cerca de 5km, numa zona de camionistas.
E foi para lá que seguiram e foram pedir ajuda. Num restaurante central, tiveram a ajuda de um camionista que falava inglês e conseguiram uma pessoa que os podia transportar no seu camião para uma cidade mais central e tentar a sorte de conseguir peças de substituição
Com isto, era voltar para trás no caminho já percorrido e voltar a perder horas de viagem.
Neste momento era tudo por tudo, e também não tinham mais alternativa...
Carregaram o Suzuki Santana no camião com a ajuda de umas tábuas no cimo de uma paragem de autocarro com altura tipo cais de carga. As tábuas partiram, mas lá conseguiram fazer o suzuki entrar e seguir à boleia nesta assistência em viagem improvisada no outro lado do mundo onde tudo vale.
O motorista do camião era o Joseph e já andava sem dormir a algumas horas. Cheio de sono ia fazendo a viagem lentamente, até porque a estrada não permitia maior velocidade.
O Pedro e a Sofia cantavam para manter o motorista acordado.
Conhecia todos os polícias pelo caminho e em vez dos documentos, oferecia às autoridades uvas entre outras coisas que comprava em cada mercearia que encontrava pelo caminho.
Fizeram uma paragem de 2h30 ao final da tarde onde conseguiram tomar um banho de água fria e o motorista dormir um pouco.
Chegaram a Kulob pelas 22h30 para tentar a reparação do Suzuki, mas sem sucesso!
Nenhum casa de peças disponível e nada de Suzukis por ali...
Decidiram continuar viagem para chegar a Dushanbe (capital do Tajiquistão) a cerca de 300km dali. Dormiram essa noite no camião de Joseph, e chegaram a Dushanbe, a casa de Joseph pelas 6h da manhã. Às 7h da manhã estavam a tomar o pequeno almoço na casa dele. Uma espécie de ensopado de burrego logo para pequeno almoço de Domingo. :)
E ao domingo, conseguiram também um mecânico que lhes fez a substituição da mola dos dois lados.
Assim, às 15h, já estavam de volta em prova!
E ainda aproveitaram para mudar o óleo de motor do Suzuki fazendo uma breve revisão.
RESULTADO: PROVA SUPERADA! Confiança recuperada e adrenalina ao mais alto nível para seguir viagem!
Já não seguiram pelas montanhas de Pamir, escolhendo assim um trajeto mais rolante com melhor estrada para recuperar o tempo perdido.
Pagaram 50 dolares pelas molas com mão de obra e 100 dolares pelo transporte da "assistência em viagem". :)
O Suzuki continua a provar ser bastante resistente e um carro para a vida!
Estas fotos são já do Quirguistão, o 20º país conquistado pela equipa a bordo do Suzuki Santana de 1987.
As temperaturas são sempre muito quentes, com valores acima dos 30 graus. Chuva, praticamente nem vê-la!!!
Só nas zonas mais altas das montanhas é que encontram temperaturas mais amenas.
Seguem então em viagem pela 7ª semana consecutiva!